sexta-feira, 22 de abril de 2011

Museu da Seresta e Serenata


"No final da década de 50, idealizamos um mundo de canções onde as pessoas que gostassem de cantar, tocar e ouvir pudessem conviver com tranqüilidade.
Esse plano - Conservatória, em toda casa uma canção - visava preservar as canções brasileiras de amor, cantadas em serenata desde 1938 quando chegamos ao lugar, com a alma ainda marcada pela Serra da Beleza.
Em levantamento criterioso, abrangendo o período de 1938 a 1958, concluímos pela existência de cerca de 150 canções incorporadas à memória musical do lugar.
A forma de eternização das canções se realizou mediante plaquetas metálicas (hoje de aço inoxidável), afixadas nas fachadas das casas, com indicação do título da obra musical e os nomes dos autores.
Colocadas inicialmente dez placas nas esquinas do centro urbano, a fim de verificar a aceitação da comunidade, a resposta positiva revelou a canção que cada um guardava no coração, facilitando a "sonorização" de diversas casas.
Simultaneamente, o Museu da Seresta, uma casa particular, sem bebidas, de portas abertas para o bate-papo e reuniões musicais, começava a surgir para ser a síntese do lirismo das ruas. Obra de idealismo, o Museu nasceu independente, como ainda ocorre, da interferência oficial e sem vínculo comercial, razão principal do seu êxito.
A finalidade precípua consiste em manter viva e pura a serenata pela rua, especialmente em noite de luar e estrelada, preservando canções de amor de ontem, como O Lenço Dela (do século XIX) - de Álvares de Azevedo, Lua Branca (de 1911) - de Chiquinha Gonzaga, Noite Cheia de Estrelas e Última Estrofe (década de 30) - de Cândido das Neves, sem esquecer outras canções de amor, da fase antiga e contemporânea, de compositores como Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Chico Buarque, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Fágner, Paulinho Tapajós e Carlos Colla, integradas no patrimônio sentimental do povo brasileiro.
Tocar e cantar em recinto fechado constitui rotina no Brasil inteiro. Conservatória se distingüe de outras cidades porque, há muitos anos, canta pela rua em serenata, sendo considerado o lugar mais bonito do mundo pelo escritor e jornalista Artur da Távola."

José Borges e Joubert de Freitas / Museu da Seresta

Texto transcrito do livro "Conservatória - Canções Que a Serenata Eternizou" - volume 1 - organizado e produzido por Eládio da Silva Nunes - 1996.


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