sexta-feira, 22 de abril de 2011

As serenatas


Joubert Cortines de Freitas (8-9-1921) e José Borges de Freitas Netto (9-11-1922 / 29-11-2002), nascidos no distrito vizinho de Santa Izabel do Rio Preto (Região da Serra da Beleza), foram iniciados na música ainda crianças, pelo pai Antônio Borges de Freitas Sobrinho. A família chegou a Conservatória em 1938, quando "seu" Antonico, agente ferroviário da Central do Brasil, aposentou-se. Os dois irmãos, ainda adolescentes, integraram-se ao movimento musical que já existia.
Foi na década de 50, com a partida do notável seresteiro Emérito Silva ("Merito"), que Joubert e José Borges assumiram, gradualmente, a liderança da serenata. José Borges formou-se advogado e Joubert professor de matemática.


Trabalharam nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Nessa época as serenatas aconteciam apenas no período das férias escolares e nos feriados prolongados, porém diariamente. A casa onde hoje se localiza o Museu da Seresta e Serenata, tornou-se ponto de encontro dos seresteiros a partir da década de 60 e conserva sua forma original até hoje. Foi também nesta época que teve início o projeto "Em toda casa uma canção", idealizado por José Borges e Joubert, objetivando perpetuar nas fachadas das casas o nome dos compositores cujas canções são cantadas nas ruas de Conservatória preservando, assim, a alma lírica brasileira. A escolha da música, sempre de amor, é feita pelo morador. As placas não se repetem e o projeto foi concluído em Dez/2003, com 403 placas.
É pela persistência e dedicação desses irmãos, apoiados por novos idealistas que, ao longo dos anos, juntaram-se aos dois, que o movimento musical vem resistindo até os dias de hoje. A serenata de Conservatória, começou a sensibilizar a imprensa na década de 50, mas foi o célebre jornalista Nestor de Holanda (companheiro de quartel do seresteiro Joubert), em 1967, no Jornal Diário de Notícias, criando a expressão "Vila das Ruas Sonoras", e a matéria da renomada revista O Cruzeiro, em 1968, que deram início a uma seqüência de reportagens que, mais adiante, mobilizou também a imprensa estrangeira. O resultado foi a vinda de um número cada vez maior de visitantes, abrindo espaço para a iniciativa privada e o desenvolvimento do distrito, transformando o turismo cultural na principal atividade econômica do lugar.
O substancial número de turistas todos os finais de semana provocou modificações na serenata, que evoluiu do canto à janela da amada, no silêncio da madrugada, até a emocionante confraternização musical que acontece atualmente, pelas ruas do centro urbano, nas noites de sextas e sábados, a partir das 23 horas.






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