sexta-feira, 22 de abril de 2011

Escultura de José Borges


 Feita em fibra e resina a escultura, de corpo inteiro, tem aproximadamete um metro e sessenta de altura. Representa o grande seresteiro José Borges, de chapéu, empunhando um violão. Na base, uma placa com o registro: nascido em 09/11/1922 e falecido em 29/11/2002.
 A escultura, de autoria de Mário Campioli, é uma homenagem da esposa, Sra. Marlene de Carvalho Borges. 
 Você pode visitá-la na Travessa Professora Geralda Fonseca, em frente ao nº 87, esquina com a Rua Oswaldo Fonseca, local onde os seresteiros reúnem-se para as serenatas nas noites de sexta-feira e sábados.

Final: dia 14 de Maio de 2011

CARINHOSO
(Pixinguinha-João de Barro)

Meu coração,
não sei por quê
bate feliz
quando te vê...
E os meus olhos ficam sorrindo,
e, pelas ruas, vão te seguindo,
mas, mesmo assim,
foges de mim...
Ah, se tu soubesses
como eu sou tão carinhoso
e o muito, muito que te quero,
e como é sincero o emu amor,
eu sei que tu não fugirias
mais de mim.
Vem, vem, vem,vem,
vem sentir o calor
dos lábios meus
à procura dos teus.
Vem matar esta paixão
que me devora o coração
e, só assim, então,
serei feliz... bem feliz!

Orlando Silva

O cantor das multidões


Apesar de nunca ter estudado música e ser extremamente tímido, desde pequeno era atraído pelo canto. Chegou a cantar em circos, clubes, restaurantes e cinemas. Em 1934, apresentado pelo compositor Bororó, estreou na Rádio Cajuti no programa de Francisco Alves, o qual ajudou-o muito em sua carreira. Gravou seu primeiro disco na Colúmbia com o samba Olha a baiana (Kid Pepe e Germano Augusto Coelho) e a marcha Ondas curtas (Kid Pepe e Zeca Ivo), ambas para o carnaval de 1935. Seu segundo disco foi feito neste mesmo ano na RCA Victor, onde permaneceu até 1942. Este foi o período de ouro em sua carreira.

A primeira vez que o Orlando saiu do Rio foi para se apresentar em Santos, logo em seguida São Paulo. Cantou praticamente em todo o Brasil, e seja lá onde se exibisse, realmente arrebatava multidões para assisti-lo.

Quando veio a São Paulo em 1938 e cantou para um público de 10 mil pessoas, o radialista Oduvaldo Cozzi lhe atribuiu o "slogan" de "O Cantor das Multidões".

Cantando, chegou a participar de três filmes Cidade mulher (1936), com a música de Noel Rosa que deu título ao filme, Banana da terra (1939), interpretando A jardineira de Benedito Lacerda e Humberto Porto e Segura essa mulher (1946) com a música Carnaval do passado de Lamartine Babo.

Em 1939, depois de um espetáculo do famoso tenor italiano Tito Schippa, Orlando foi cumprimentá-lo e perguntou-lhe: "Mestre, o que devo fazer para ter a sua técnica?". O tenor pediu-lhe para cantar, ali mesmo, duas ou três músicas, e ao final lhe disse: "Bravo, bravíssimo! Quer saber de uma coisa, rapaz? Você não precisa estudar nada, continue assim, eu gostaria de poder cantar exatamente como você, que canta o que quer. Sou obrigado a cantar o que eles querem..."1

Em 1942 começou um processo de alteração do timbre da voz devido à utilização de morfina (o cantor teve sérios problemas dentários nessa época e a utilizava para aliviar as dores), da qual ficou dependente. Mais tarde passou também para o álcool. Apesar disto, continuou gravando pelo selo Odeon, mas seu prestígio, a partir daí, foi decaindo.

Em sua carreira cantou nas rádios Inconfidência (com programa próprio), Transmissora, Nacional (desde sua inauguração em 1936 até 1945, quando foi afastado), Mayrink Veiga e Guanabara.

Em 1951, em fase de restabelecimento, novamente Francisco Alves o levou para apresentações esporádicas na Rádio Nacional. Já no ano seguinte, com a morte do "Rei da Voz", foi indicado para substituí-lo no programa dominical de maior audiência da Rádio, Quando os ponteiros se encontram, o que fez até 1955.

Em 1940 teve um caso amoroso atribulado com a atriz Zezé Fonseca (Maria José Fonseca) que durou até 1943. Em 1947 casou-se com Maria de Lourdes Souza Franco, que o ajudou muito a reerguer-se da vida desregrada.

Em 1956, por forçar demais a caminhada, teve de amputar o pé por receio de gangrena e receber um pé mecânico.

Em 1959 voltou a gravar pela RCA Victor onde permaneceu até a sua morte. Em 1974 gravou na Victor o LP Orlando Silva Hoje com músicas de Taiguara, Antônio Carlos e Jocafi, Edu Lobo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros.

Em 7/8/1978 faleceu no Hospital Gaffrée Guinle e foi sepultado no Cemitério São João Batista. O público participou do cortejo entoando a valsa Carinhoso.

Túnel de Pedra


Situado a aproximadamente 500 metros da Praça Getúlio Vargas, foi construído pelos escravos, no século XIX, para permitir a passagem da velha locomotiva.
Ponto de visitação obrigatória.
Diz a lenda que água que pinga incessantemente das paredes do túnel são as lágrimas dos escravos que o escavaram somente com marretas e talhadeiras.

Silvio Caldas


O caboclinho querido


Seu primeiro registro em disco, de forma ainda amadora foi na Brunswik com o samba Quando o Príncipe chegar, em homenagem ao Príncipe de Gales, Duque de Windsor, em visita ao Brasil. Seu primeiro disco comercial deu-se em 1930 na Victor, com Amoroso, samba de sua autoria. Em 1931 participou da revista musical da Companhia Margarida Max, Brasil do amor cantando Faceira, de Ary Barroso, seu primeiro grande sucesso, onde na noite de 14 de maio de 1931 teve de bisá-la 8 vezes.

Como ator, trabalhou em várias peças como: Ri de palhaço, de Marques Porto e Paulo Orlando. Fez ainda parte do elenco nos filmes Favela dos meus amores, de 1935 (onde foi o Zé Carioca), Carioca Maravilhosa, de 1935 produzido Sebastião Santos e Luz dos meus olhos, de 1947 dirigido por José Carlos Burle.

Os apelidos que ganhou em sua trajetória artística foram "Rouxinol da Família Ideal", "O Cantor que Valoriza as Palavras", "Silvinho", "Poeta da Voz", "Seresteiro", "Caboclinho Querido", dado por César Ladeira, "A Voz Morena da Cidade", dado por Cristóvão de Alencar, ou simplesmente "Titio".

Com versos de Sebastião Fonseca de 1937, Sílvio lançou em 1951 a sua Violões em funeral, em homenagem a Noel Rosa. Em 1952 lançou pela Sinter a canção Silêncio do cantor, de Joubert de Carvalho e David Nasser, em homenagem a Francisco Alves, que em setembro daquele ano falecera, vítima de um trágico acidente automobilístico.

A partir de 1954 passou a gravar pela Columbia (mais tarde CBS e hoje Sony Music), recém-inaugurada em São Paulo. Em 1956 apresentou o programa Os Degraus da Glória, na Rádio Gazeta paulistana. Ainda na capital paulista, na TV Record, apresentou um programa semanal exclusivamente seu.
Parou de gravar no final da década de 70, mas sempre foi convidado a apresentar-se em espetáculos, adiando assim a sua despedida dos palcos. Em 1995, com 87 anos, Sílvio Caldas se apresentou em São Paulo no Sesc Pompéia, ao lado de Doris Monteiro, Miltinho, Noite Ilustrada e o Trovadores Urbanos, relembrando grandes sucessos da Música Popular Brasileira que, por sinal, ajudou a imortalizar.


Dono de uma saúde extraordinária, Sílvio Caldas foi o cantor de mais longa atividade na MPB. Infelizmente, no seu último ano da vida, o cantor sofreu crises de depressão e anorexia, falecendo por insuficiência cardiorrespiratória  no dia 3/2/1998, em Atibaia/SP.

Cândido das Neves


Cândido das Neves, apelidado de "Índio", compositor, cantor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 24/07/1899 e faleceu em 04/11/1934. Filho do popular cantor e palhaço Eduardo das Neves, começou a se interessar pelo violão desde os cinco anos de idade. O pai, no entanto, queria que ele tivesse instrução e por isso colocou-o num colégio interno. Em 1917, porém, já aparecia como integrante do rancho Heróis da Piedade. Concluiu seus estudos, tendo perdido o pai a 11 de novembro de 1919, dia de sua formatura. Empregou-se como funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, tornando-se conferente de estação.

Nessa época já compunha e fazia serestas pelas madrugadas cariocas, com seus colegas de trabalho Henrique de Melo Morais (tio de Vinícius de Morais) e Uriel Lourival, entre outros. Em 1922 gravou, cantando, Saudades do sertão e o fox-trot Quadra de amor na Odeon (em discos mecânicos da Casa Edison), composições suas. Por 1925-1926 foi transferido para Conselheiro Lafaiete MG, onde passou um ano, continuando a cantar e tocar nas serestas com os companheiros da Central do Brasil. Sua primeira gravação de sucesso foi o tango Noite Cheia de Estrelas (inspirado no tango Madre de Francisco Pracanico e Verminio Servetto, de muito sucesso na época), gravado em 1932, já na fase elétrica, por Vicente Celestino. Suas letras, sempre muito extensas, cantavam a natureza duma forma romântica, tornando-se muito apreciadas pelo público.

Por volta de 1930 apresentou-se, algumas vezes, no programa de Gastão Lamounier na Rádio Educadora da Brasil, com Melo Morais, Em 1932 gravou com Melo Morais, fazendo a segunda voz, as canções-sertanejas Rosa morena e Luar de minha terra (ambas de sua autoria). Nessa mesma época compôs Versos de longe, gravada por Melo Morais. Em suas apresentações era aplaudido não só pelos seus versos e voz, como também pela sua execução no violão. Dedicou-se também ao ensino, pois escrevia e lia música. Sempre fiel à modinha popular, compôs também valsas, serestas e tangos.

Em 1932 começou a se afastar gradativamente das rodas boêmias, por problemas de saúde. Em 1934, ganhou o primeiro lugar no concurso de músicas carnavalescas da revista O Malho, na categoria samba, com Perdi o meu pandeiro, que não foi gravado. Sofria já, em 1934, da tuberculose galopante na laringe, que o levou à morte. Muitas de suas músicas, que se tornaram grandes sucessos, só vieram a ser gravadas após seu desaparecimento. Entre elas se encontram A Última Estrofe, inicialmente gravada em 1932 par Fernando Castro Barbosa, regravada por Orlando Silva em 1935, e que viria a ter gravações de Vicente Celestino, Nelson Gonçalves e Sílvio Caldas; Lágrimas, gravada por Orlando Silva em 1935; Apoteose do Amor, gravada em 1936 por Orlando Silva; e Página de Dor, feita em parceria com Pixinguinha, gravada por Orlando Silva em 1938, na Victor.